Textos não costumam fazer parte da minha rotina.
Mas em momentos de sentimentos além do suficiente, onde chega a sufocar. É necessário extrair a carga.
Os dias de cão chegam pra todos, porém na minha vez, em especial, ando tendo dias de rato.
Rato molhado.
Estou completamente enxarcada, e carregada.
Carregada de ideias que sei que irão me consumir. Irão me fazer girar a cabeça a um ângulo irregular.
O que não chega a ser diferente do que acontece. Do que sou, unicamente.
Sinto a todo momento a insuficiência que gero no meu mundo.
A insuficiência. De não atingir o objetivo principal, e muitas vezes desvia-lo. Incluo minha dispersão nesse quesito.
Me nego, me reprimo, me escondo de muitas coisas. Não acho próprio dizer sem uma taça de vinho na mão olhando para um par de olhos tristes.
A insuficiência, quando descoberta, induz você a se movimentar, mudar, sair de onde está, preencher esse espaço vazio em seu melhor tijolo, momentaneamente. Você não cansa de construir?
Ou se retrair por completo. Reter desejos, expelir qualquer ideia que possa quebrar essa sua barra de calhamaço. Ora, você já não tem.
Por que tirar mais?
O meu refugio, por hora, não será você. Não quero que se torne comum em meus pensamentos diários. Eu temo você. Temo o dia em que tocar meu corpo pela primeira vez, em que subir minhas veias, em que eu implore pelo seu toque, e o seu abraço congruente. Você sabe que eu te cobiço. Tenho experiência o suficiente para fugir, trocar a calçada, me enterrar no chão, o que seja, caralho! E sei que se eu pedir, você me consome.
Meu medo maior não é os monstros embaixo da minha cama, mas os que eu trago para cima dela.
Grito pelo seu fim. Pela sua incapacidade de lidar com o que sente. E ter que sempre explodir para se construir. Tapar suas janelas quebradas com papelão não ira te afugentar do frio de outono-inverno. Você não se constrói, e se esvazia cada vez mais. Sempre buscando cortes mais profundos do que você já possui. Sua dor sempre existirá, e você só intensifica a mesma. Está vivendo, fazendo exatamente o que deve fazer.
Escrevo isso embaixo dos mais intensos chuviscos de São Paulo.
Ouvindo o melhor álbum deles, os cabeça de rádio. Ora PC.
O pior chuvisco, é aquele que você quem produz. Onde só você se molha, e o solo já não suporta mais plantas à serem regadas.
Deixe que a chuva molhe a terra, deixe que as flores cresçam. Deixe que as rosas dê cor ao seu jardim e te espetem. Permita o dilúvio. Para você ainda será arte.
Diga olhando para meu par de olhos tristes o quanto tudo isso é uma bobagem. E daqui a mais um ano, o hoje ainda será.
Texto- Junho 2022
Comentários
Postar um comentário